Um curta à la Godard

Com o filme Playing Tennis with Jean-Luc Godard, o cineasta ribeirão pretano Fernando Coimbra foi o vencedor do Concurso Olímpico de Curtas promovido pelo Museu Olímpico Internacional. Coimbra, que mora em São Paulo, representou o Brasil e superou produções da China, da Suíça e da Espanha e conquistou a vitória após votação unânime do júri. Além da premiação em dinheiro, o curta foi apresentado no Congresso Olímpico, em Copenhague, capital da Dinamarca, no começo de outubro.

Para chegar a final, foram duas etapas anteriores. Na primeira, cineastas dos quatro países participantes podiam mandar vídeos para a seleção. Dois de cada país foram escolhidos. Coimbra foi selecionado e disputou com o carioca Cavi Borges o direito de representar o Brasil. Ganhou e foi para a final, onde concorreu com China, Espanha e Suíça.

A homenagem do curta ao cineasta francês Jean-Luc Godard não poderia ter sido mais inusitada. O tema da última etapa foi anunciado pela organização quando todas as equipes estavam reunidas na Suíça, na cidade de Lausanne, onde se encontra o Museu Olímpico. Os cineastas tinham uma semana para filmar e mais uma para editar e entregar o material. O curta precisava mostrar como os esportes podem influenciar os jovens e ser uma janela para o mundo. “Na hora que me deram o tema, aquilo me derrubou porque achei que não conseguiria fazer”, disse Coimbra. O tempo era curto para pensar muito. Foi então que surgiu Godard, que desde a década de 80 mora na cidade de Rolle, a alguns quilômetros de onde as equipes estavam instaladas. “Quando chegamos na Suíça, no trajeto do aeroporto até a cidade de Lausanne, uma das pessoas da organização me falou que o Godard morava ali perto e que ele era fanático por tênis”, disse Coimbra. Surgiu, então a ideia vencedora.

O curta conta em cinco minutos a história de um adolescente nerd, que prefere ler Dostoiévski a praticar qualquer tipo de esporte e que tenta encontrar no tênis a saída para burlar sua aversão às modalidades coletivas. “Ele teve uma ideia muito esperta. Foi uma paródia dos filmes do Godard e ele ganhou por unanimidade”, disse Fernando Meirelles, um dos jurados do concurso.

‘Foi uma verdadeira aventura’

Homenagens à parte, Fernando Coimbra considera a ida até a Suíça uma verdadeira aventura. Como se não bastasse o pouco tempo que as equipes tinham para elaborar o curta, a recepção da organização no quesito infraestrutura não foi das melhores. Havia um ponto de internet para as quatro equipes. Wireless nem pensar. Telefone, então, era artigo de luxo. A saída era colocar créditos nos celulares dos desconhecidos que se tornaram mais chegados durante a estadia. Enquanto a equipe suíça montou um verdadeiro quartel general para a produção, a brasileira tinha apenas quatro integrantes. Até os suíços emprestaram um carro para os brasileiros. Afinal, eles tinham um caminhão inteiro só para eles. A intérprete da equipe virou produtora e emprestou o celular. O cineasta dirigiu, editou e virou maquinista de trilhos. Acostumado a se virar do avesso para fazer cinema, Coimbra recebeu a consagração do júri. O cineasta acredita que Godard não saiba da homenagem, mas Coimbra agradece a inspiração.

1 comentários:

Dali 26 de outubro de 2009 às 17:06  

Maria! Adorei o post! Só ajudou a confirmar minhas aspirações pro cinema! rsrsrs. bjus!

Quem sou eu

Minha foto
Jornalista. Ardida. Gosta de livros, música, Mafalda, São Jorge, sorvete, corrida e bicicleta. Canta sozinha na rua e conta helicópteros no céu.

Nosso Cortiço

Um blog para compartilhar aquilo que nem sempre há pessoas para compartilhar.

Outros cortiços

Quem perde tempo comigo