Uma vaga para estagiário: o mundo particular

Para um, Zelaya é traficante. Para outro, presidente do país cuja capital é Uribe (???). José Alencar foi deixado em branco pela maioria. O Muricy Ramalho ainda é o técnico do São Paulo. O Sarney é simplesmente "político" e, pasmem, o Gay Talese virou jogador de futebol. O que escrevo aqui são apenas alguns exemplos da resposta de um teste de conhecimentos gerais aplicados para a seleção de estagiários para preencher uma vaga, pasmem de novo, de jornalista. Todos os convocados para o teste estão no terceiro ano do curso, em Ribeirão Preto. Uma outra etapa do teste era escrever um texto, de dois parágrafos no máximo, com informações sobre o apagão. Informações com o que eles tinham lido em jornais ou na internet, assistido na televisão ou ouvido no rádio. Para uns, o apagão só aconteceu em São Paulo. Outros nem citaram Itaipu como a causa. Isso era para a gente saber se esses estudantes de jornalismo estão mesmo interessado na profissão que escolheram. A resposta é NÃO. Eles não leem, não ouvem e nem assistem. São alheios ao que acontece ao redor. Não estão preocupados com o mundo que eles vivem. Acredito que, para eles, apenas o mundo particular é importante. De dez testes, um foi consagrado com louvor e depois dele foi difícil escolher o segundo. Mais ou menos todo o resto ficou no mesmo patamar de ignorância do "conhecimentos gerais." Difícil escolher. E, não podemos culpar os professores. Isso é fruto de uma nova geração de adolescentes preocupada com futilidades. Uma amiga minha professora em uma faculdade de jornalismo pensa em pendurar as chuteiras porque diz não aguentar mais preparar aulas para uma turma que nem sabe o que está fazendo lá.

3 comentários:

Gabriela Yamada 9 de dezembro de 2009 às 21:02  

Se falta de conhecimentos gerais fosse problema só nos estagiários, seria menos pior. Hoje, um repórter de uma TV me chamou no msn e perguntou quem era o Bullamah e qual o grau de importância do júri de amanhã...

Duda Rangel 18 de dezembro de 2009 às 16:37  

Maria,
E os estagiários ainda reclamam quando alguém diz que o melhor que eles sabem fazer é servir cafezinho...
Falando sério: concordo com a Gabriela. A ignorância, infelizmente, é um problema de muitos jornalistas, jovens e velhos.
Parabéns pelo seu cortiço e obrigado pela visita a meu blog.
Um beijo do Duda

PS: Queria o Gay Talese com a camisa 10 do meu time!

JOBA 23 de março de 2010 às 11:23  

Infelizmente, a ignorância se perpetua a velocidades absurdas e o que a Gaby comentou rola sempre. E quando alguém na faculdade diz que vai trabalhar com fotojornalismo, simplesmente porque gosta, e é mal interpretado? Coisas do tipo "o cara não sabe escrever, então vai apertar botão"... triste, tiaaaaaaa!!! Vai ver nós somos a exceção, porque gostamos do que fazemos. Tá faltando emoção pra esse povo, né? beijos

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