Aos tapas por um lote no Alphaville

Ribeirão Preto, cidade que já contabiliza mais de nove mil casos confirmados de dengue, finalmente vai receber um empreendimento de nome: o mega, o chique, o para poucos, o Alphaville. Como é típico do ribeirão pretano ostentar, como não garantir um (ou dois, ou três) lotes no tão esperado condomínio? Num sábado quente de Verão, a fina flor da capital do agronegócio se aglomerou onde as futuras mansões serão construídas desde às sete horas da manhã em toldos erguidos especialmente para abrigar os consumidores ensandecidos. O motivo? Conseguir uma das senhas para garantir a compra de pelo menos um dos 500 terrenos que estariam à venda. Ao invés de aproveitarem o calor de 37 graus nas piscinas de seus casarões, os chiques e famosos preferiram os canapés, mini-sanduíches, mix de castanhas e refrigerantes distribuídos a rodo e banheiro improvisado para garantirem os seus lotes ou o de seus herdeiros. Quem conseguiu a senha número um pode se considerar um verdadeiro privilegiado, pois teve quem só conseguiu ser atendido às 17 horas e aí não dava mais para escolher aquele tão sonhado lote ao lado do lago. "Meu sonho é morar no Alphaville!", ouvi de um entrevistado. "Alphaville é grife, não é?" disse outro. "Para quem já morou na Cohab como eu antes de ser vereador conseguir um lote nesse condomínio é mais do que um privilégio", disse um outro candidato a futuro morador e nobre parlamentar desta endinheirada cidade. Todos os lotes foram vendidos em um só dia. Cada um tinha 500 metros quadrados, que custou R$ 400. O que os futuros moradores nem desconfiam é que o empreendimento foi aprovado pela Prefeitura como loteamento. Na prática isso significa que ele não poderá ser murado, nem cercado, nem nada parecido. Será que eles vão considerar um privilégio ter pago R$ 200 mil só por um terreno, no meio de uma rodovia e sem uma muretinha se quer? É esperar para ver aonde tudo isso vai parar.

1 comentários:

Flávia Romanelli 12 de abril de 2010 às 17:47  

Aqui aconteceu a mesma coisa! é tudo pequeno burguês!

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Jornalista. Ardida. Gosta de livros, música, Mafalda, São Jorge, sorvete, corrida e bicicleta. Canta sozinha na rua e conta helicópteros no céu.

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