Pinga-Fogo com Chico Xavier

*Matéria minha publicada na Gazeta de Ribeirão

Todas as vozes de Chico


A audiência do programa Pinga-Fogo, na extinta TV Tupi, já não era mais aquela e o jornalista Saulo Gomes foi questionado pela direção do programa para apresentar um nome que pudesse alavancar o ibope da renomada atração, conhecida por entrevistas polêmicas com políticos da época. Saulo Gomes não lembrou de nenhum político para indicar, mas não pestanejou para apontar o espírita Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, como o próximo a ser sabatinado pelo grupo de jornalistas que compunha o programa.

Ele, sim, seria capaz de bater a audiência de todos os concorrentes. A direção topou. O primeiro programa foi ao ar em 28 de julho de 1971 e foi assistido por milhares de telespectadores. Com quase três horas de duração , foi o maior da série e até hoje considerado um verdadeiro divisor de águas para o espiritismo e o jornalismo.

“O ambiente nas casas (no dia do programa) era de final de Copa do Mundo”, afirmou Gomes. Segundo ele, as pessoas também se aglomeravam na porta da emissora e televisores foram instalados do lado de fora para que o público pudesse assistir aquele que era considerado o fenômeno do momento, não só pelos espíritas. Chico respondeu perguntas sobre ciência, sexo, tecnologia, família, educação, mediunidade e homossexualismo.

Em dezembro do mesmo ano, Chico voltou ao programa e mais uma edição histórica foi consolidada com quase quatro horas de atração. Além de a trajetória no espiritismo no Brasil estar dividida entre o antes e o depois do programa, o Pinga-Fogo foi o fio condutor para o longa Chico Xavier, do diretor Daniel Filho, que está em cartaz em Ribeirão Preto e já foi visto em todo o Brasil por 1,3 milhão de pessoas.

Agora, a íntegra do programa virou o livro Pinga-Fogo com Chico Xavier, do próprio Saulo Gomes (Intervidas, R$ 35). Em três meses já foram 40 mil cópias vendidas. Com a extinção da TV Tupi, as fitas da gravação do programa foram parar num galpão abandonado em plena rodovia Anhanguera. E lá foi Saulo Gomes resgatar o material entre os escombros para conseguir organizar o livro, que além de extenso repertório de imagens, tem notas explicativas e ilustrativas. O jornalista lança o livro em Ribeirão, na Fnac, no dia 29 de abril. às 20h.



LANÇAMENTO



Livro ‘Pinga-Fogo com Chico Xavier’

Fnac, no RibeirãoShopping

29 de abril, às 20h



Fruto de seis meses de negociação, 1º entrevista vira DVD

O jornalista Saulo Gomes conviveu com Chico Xavier durante 31 anos e considera o espírita um exemplo de “dignidade, humanidade, honestidade e pureza.” Tudo começou em 1968, quando Gomes conseguiu, aos 40 anos, realizar a primeira entrevista com Chico para uma emissora de TV, que se transformou em DVD. Foram seis meses de tentativas antes de a entrevista acontecer. “Queria descobrir quem era Chico, mas ele abominava a imprensa.” Sem cortes ou edição, Chico gostou do resultado e agradeceu o “amigo Saulo Gomes” por ter permitido a ele a oportunidade de se ver psicografando, “de ver como ficam as minhas mãos.”



Desde então, os dois se tornaram amigos e o jornalista acompanhava Chico, inclusive, em outras entrevistas. Gomes ainda guarda em sua estante a sua placa de identificação usada durante o programa com um autógrafo do médium. Uma outra recordação é o arbusto de mirra na sacada originada de uma pequena muda que veio da plantação de Chico Xavier depois que ele morreu. A mirra era o cheiro característico do espírita. (MFR)

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