Pão com mortadela para os jornalistas

No Jornal de Piracicaba, meu primeiro emprego, serviam pão com mortadela ou manteiga e mais refrigerante barato todos os dias à tarde para todos os funcionários da empresa. E reclamavam: "Pô, custa colocar um presunto com muçarela de vez em quando?" No Jornal de Piracicaba tinha motorista, cartão de ponto e ninguém trabalhava de domingo porque não tinha jornal de segunda. A redação era bem mal localizada. Me lembro também que quase todos os dias saía antes de o sol se por. Bom isso

No Bom Dia Jundiaí não tinha cartão de ponto, todos trabalhavam aos domingos, não tinha motorista e nem táxi, os repórteres e fotógrafos precisavam dirigir. Não tinha lanche e muito menos cozinha ou geladeira. Nem pizza no pescoção. Mas tinha computador novo com cadeiras novas e uma redação bonita e bem localizada, mas com um banheiro só e faxineiras almoçando na garagem porque não havia nenhum outro lugar decente para almoçar

Na Folha de S. Paulo, em Ribeirão Preto, não tinha cartão de ponto, trabalhava de domingo, o horário normal eram 12 horas diárias de segunda a quinta e de sexta-feira era normal entrar às 9h e sair às três da manhã, quando não quatro. Não tinha lanche, pizza, nem nada parecido. Os computadores eram ruins de lascar, dava vontade de jogar na parede. Cada repórter tinha um telefone celular da própria empresa e direito a um gravador (deveria ser obrigação, certo? mas não é). A localização era boa e só.

De volta ao Bom Dia Jundiaí (jornalista se acostuma mesmo com coisa ruim) duas mudanças tinham acontecido: uma cozinha foi montada na garagem e não precisávamos mais dirigir pois a direção tinha liberado o uso de táxis.

No Correio Popular, em Campinas, tinha cartão de ponto, trabalho aos domingos, motoristas a rodo, máquina de café, pizza de sexta para quem ficava no pescoção e computadores bem ruins, daqueles que dá vontade de jogar no chão e pisar em cima. Assim como no Jornal de Piracicaba, os telefones precisavam ser compartilhados. Mas diferente do Jornal de Piracicaba, todos faziam DDD. Os telefones não possuiam sistema de gravação e para conseguir um gravador ou um rádio que também fzia ligação precisava pedir para a chefia

Na Gazeta de Ribeirão, tem um motorista, mas pode usar táxi (com parcimônia, claro, porque nem tudo pode ser bom!) e ninguém precisa dirigir. Tem cartão de ponto e ninguém precisa trabalhar de domingo porque não tem jornal de segunda. Os computadores deram uma melhorada, mas ainda têm alguns ruins de doer. Os gravadores só chegaram depois de dois anos e de muita insistência. Tem pizza de sexta para quem fica no pescoção e a localização também é boa. Fim.

6 comentários:

Flávia Romanelli 30 de junho de 2010 às 15:48  

Tá vendo? E a gente reclamava da mortadela rsrs
Por isso me aposentei de vez das redações em geral!

Bjão

Flávia Romanelli 30 de junho de 2010 às 15:49  

Ah vc esqueceu do principal, no Jornal de Piracicaba tinha um editor com pinta de marido hahaha

Maria Fernanda Ribeiro 1 de julho de 2010 às 09:39  

Hahahaha! É verdade Flavia. Havia me esquecido dessa importantíssima parte do editor com pinta de marido. Viu como era bom trabalhar lá?

Simone Lins 1 de julho de 2010 às 13:49  

Tive a honra de trabalhar com você nas duas passagens pelo Bom Dia Jundiaí (sua e minha), salve as "vaquinhas" pra nos alimentar!
Bjs e saudades!

André 1 de julho de 2010 às 15:20  

Resumindo: para ser um bom jornalista é melhor comprar um bom laptop!

Lívia Komar 2 de julho de 2010 às 13:48  

Oi Maria Fernanda! Já passava por aqui antes de montar meu blog. Agora, sigo oficialmente. Show de bola.
Bjocas!!!!

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