Sobre a imprensa de órgãos públicos

- Quem disse que você poderia acompanhar a reunião?

Essa pergunta foi feita pela assessora da Transerp para uma repórter da Gazeta que tentava acompanhar a reunião do Conselho Municipal de Transporte Coletivo Urbano com aTranserp (órgão responsável pelo trânsito e transporte da cidade) sobre o aumento nas tarifas de ônibus em Ribeirão Preto.

Vamos esclarecer as coisas: conselhos municipais existem para aproximar a população de todos os assuntos que acontecem na cidade. Portanto, toda e qualquer reunião de qualquer conselho (patrimônio, saúde, transporte, etc) são abertas para quem quiser participar e o jornalista é um elemento a mais para aproximar o cidadão comum das decisões políticas de uma cidade. E a possibilidade de uma tarifa passar dos R$ 2,30 para R$ 2,45 é mais do que de interesse de qualquer um.

Marina Aranha, a repórter, foi proibida de acompanhar a reunião. Voltou para a redação e só ficou sabendo do resultado após o fim do encontro porque um dos conselheiros, que também é integrante de um sindicato, deu entrevista. O superintendente da Transerp, William Latuf, não se manifestou. Publicamos a notícia.

No dia seguinte, quando os outros jornais da cidade foram recuperar a nossa história e ligaram para a assessoria de imprensa da Prefeitura, outra dificuldade. A resposta da assessora era de  que a discussão sobre o aumento das tarifas "ainda era muito interna" e de que demoraria para as coisas se consolidarem de fato.  Só para ressaltar: mais de um repórter deste jornal ligava todos os dias para a Transerp e para o conselho de transporte para saber se havia novidades sobre o aumento da tarifa e a resposta da Transerp era sempre que não e que, quando houvesse algo de novo, seríamos informados. Nunca fomos informados pela Transerp de nada e sobre a reunião só ficamos sabendo porque a repórter sabia que aí tinha.

Assessores de imprensa, sejam eles de prefeituras,dos estados ou da União, de câmaras de vereadores ou de assembleias legislativas, deveriam ter um pouco mais de noção sobre o que é, de fato, ser jornalista ou sobre como funciona, de fato, o jornalismo. Saibam, meus caros, que vocês não estão aí para blindar prefeitos, secretários,  ministros e parlamentares de notícias pouco populares. Vocês existem para facilitar e intermediar o acesso de repórteres com as autoridades políticas. Todos vocês são pagos com o nosso dinheiro e qualquer pessoa com um cargo público têm o dever de informar e nunca de esconder.

2 comentários:

marina aranha 26 de julho de 2010 às 21:28  

eu tive um professor que dizia que o jornalista deveria estar onde a população não conseguia.
na reunião, infelizmente, não esteve nem um, nem outro. mas as pessoas souberam do aumento mesmo jeito.

agora...que é chato quando a gente tem que driblar quem está ali justamente pra ajudar, ah, isso é.

Flávia Romanelli 2 de agosto de 2010 às 18:25  

É isso aí, nada de ser "atrapalhador" de imprensa!

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