De novo, o síndico

Um dia cheguei em casa louca para descarregar as compras e o carrinho do supermercado não estava na garagem, onde ele deveria estar. Interfonei para o porteiro e ele me orientou a subir na outra garagem e pegar o carrinho de lá. Na opinião dele, o carrinho que deveria estar na minha garagem provavelmente estava parado em algum andar, onde deveria morar um morador bem folgado e sem pernas que não devolvia o acessório para o seu devido lugar. Morar em prédio é isso.
Durante a semana seguinte não sosseguei enquanto não vi pregado no elevador um recado de que era proibido pegar o carrinho e não devolver imediatamente e que o filho-da-puta que fizesse isso estaria sujeito a multa. Ficou lá o papel pregado uma semana.
Tudo ia muito bem quando de repente estou na cozinha de casa e ouço o meu vizinho, no caso o síndico, abrindo a porta e pelo som parecia que ele estava largando o carrinho lá no corredor para a coitada da faxineira levar de volta para ele no dia seguinte. Espiei pelo olho mágico e era isso mesmo. Porque ele não tem perna para devolver, só pode ser. Pensei: hãham, então é ele, a pessoa que deveria dar o exemplo, que não devolve o carrinho. Não fiz nada. Só emiti o comentário com o meu marido que estava comigo na cozinha: "Puta cara folgado."
Bom, hoje chego com o carro lotado do supermercado e, bingo!, o carrinho não estava lá. Subo na outra garagem para pegar o carrinho de lá. Inspiro, expiro, Inspiro, expiro, para não estressar. Quando desço no meu andar pelo elevador de serviço descubro onde está o bendito carrinho. Foi o síndico ou a mulher dele ou alguém da casa dele que usou o filho-da-puta do carrinho e não de-vol-veu.
Continuei o meu trabalho de relaxamento e toquei a campainha do síndico. A mulher dele atendeu. Com um sorriso quase verdadeiro no rosto, inicio o diálogo:
- Oi, vizinha, digo
- Oi, responde ela com uma cara de assustada acho que imaginando o que eu estava fazendo lá
- Estou descendo para devolver o meu carrinho, quer que eu devolva o seu também?
- Eu já ia devolver. É que acabei de chegar do sacolão (ou cenourão ou varejão, não me lembro)
- Eu devolvo para você. É que tive que subir na outra garagem para poder usar o carrinho e logo imaginei que o outro estivesse aqui. Melhor devolver né?
- É. Obrigada, Fernanda
- De nada.
Desci os dois carrinhos. Deixei cada um no seu respectivo lugar e voltei para o meu apartamento para terminar de guardar as minhas compras.

3 comentários:

Mar T. 10 de agosto de 2010 às 21:37  

ai Maria, preciso aprender esse exercicio de nao estressar...heheheh
bjoooooo

Neto Guido 13 de agosto de 2010 às 16:19  

Puta que pariu! Chama o Jorge Ben!
Vamos fazer campanha para você assumir o cargo!
No meu ultimo prédio, tinha os seguintes dizeres nos carrinhos:
" não sei voltar sozinho, seja educado!"

JOBA 14 de agosto de 2010 às 12:32  

sinto o mesmo quando vou ao supermercado e o carrinho está ocupando a vaga de um carro no estacionamento...

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Jornalista. Ardida. Gosta de livros, música, Mafalda, São Jorge, sorvete, corrida e bicicleta. Canta sozinha na rua e conta helicópteros no céu.

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