O rei da cidade 'Quemmandaaquisoueu'

Era uma vez um homem muito importante. Bom, na verdade ele era muito importante porque ele achava que era, se comportava como tal e queria que todos também pensassem assim. É fato que alguns gostariam de ser como ele, mas ele não é assim um homem de tão grande valor moral como acha que é. Tudo bem que ele é dono de um patrimônio que todo mundo pensa ser incontável. Ele tem carros importados, segurança e está sempre de terno com cabelo penteado para trás. Igual todo grande-homem-rico-empresário gosta de se vestir. Os ternos são personalizados e ele não se preocupa com multas na estrada ou se o local é ou não para fumantes. Como todo homem que se acha importante, ele acredita que pode tudo.
Para pessoas como ele, não há nada melhor nessa vida do que os almoços por R$ 300 o prato, poder pagar pelos vinhos mais caros - mesmo que a bebida não seja das melhores - e, o mais importante: ser paparicado. Todo grande-homem-rico-empresário gosta mesmo é de atenção. E puxa-sacos, para caras como esse, é o que não faltam. Mas, mesmo com tudo isso, uma pedra apareceria no caminho desse grande-homem-rico. Para muitos isso não poderia ser considerado um obstáculo, mas para este homem isso foi a morte, um horror, um absurdo. O sinal de que, mesmo com todo o império construído por ele, ainda havia gente nesse mundo que esquecia daquele tão importante homem. Que tipo de gente seria essa? Que tipo de gente não enviaria um convite para a casa desse tão importante homem? Gente que não considera ele tão importante, só pode ser. Ou, então, o que dói mais, gente que se considera mais importante do que ele. Para este homem, a ausência de um convite em cima da mesa de mármore dele para comparecer a badalada festa num hotel chiquérrimo onde só a fina-flor da cidade "Quemmandaaquisoueu" foi convidada, foi um verdadeiro desprestígio. Um absurdo tão grande que ele e a família promoveram uma vingança. Usaram todo o seu poder para tentar acabar com o glamour da festa e tentaram com telefonemas que todos os convidados não comparecessem. Mas a festa foi um sucesso, mesmo sem a presença deles.

2 comentários:

Lívia Komar 3 de agosto de 2010 às 20:44  

Que medo!
E como tem gente assim, né não?

Neto Guido 4 de agosto de 2010 às 10:34  

Maria Adorei seu texto e forma de escreve-lo.

Uma vez um grande amigo me disse uma coisa muito interessante, "que a única lei lusta no mundo é a de trânsito, pois se a placa de pare estiver do seu lado, você tem que parar seu BMW ou Mercedes, para minha Kombi velha passar!"

Nada mais é do que crianças mimadas e que não tomaram belsicôes e palmadas na sua infância...existem muitas pessoas assim, mas segundo os sociologos, são a minoria!

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Jornalista. Ardida. Gosta de livros, música, Mafalda, São Jorge, sorvete, corrida e bicicleta. Canta sozinha na rua e conta helicópteros no céu.

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