Repórter é chamada pela polícia para negociar com assaltantes - não somos pagos para isso!

Na sexta-feira passada, em Ribeirão Preto, três assaltantes, um deles armado, fizeram uma família refém durante à noite. Os assaltantes renderam o casal quando entrava na garagem, com o carro. Dentro da casa estavam as duas filhas, uma delas tomando banho, que também foram rendidas. A polícia chegou ao local para negociar e eis que surge mais uma situação inusitada, dessas que só mesmo em Ribeirão Preto.

Os bandidos disseram que iriam se entregar somente com a presença da imprensa, afirmou o major, que pediu para que uma repórter da TV Record entrasse na casa, com colete a prova de balas, acompanhada de outros policiais. A repórter afirmou que conversou com eles, pediu para se acalamarem e garantiu que iria acompanhá-los até a delegacia, pois o medo deles era de levar um cacete da polícia após se entregarem. Segundo a repórter, a negociação foi tranquila, apesar de os assaltantes estarem aparentemente nervosos.


De acordo com o major, a calma dos reféns e a rapidez com a qual a polícia foi chamada foram fundamentais para que o assalto terminasse sem nenhuma consequência grave. "Ninguém da família tentou reagir, isso manteve os assaltantes calmos também. A intenção deles não era de tirar a vida de ninguém", afirmou.

Vamos ao que me intriga:

- Como um policial deixa uma repórter entrar em uma casa onde uma família é feita refém para negociar com os bandidos? Pelo que eu saiba, quem é pago para isso (para negociar e correr este risco) é a polícia.

- Mesmo com o colete à prova de balas, se dá uma merda, um tiro pode atingir a cabeça da repórter, que não é a prova de balas.

- Os policiais teriam argumentado que permitiram à repórter entrar na casa porque só havia uma arma, que já havia sido deixada em cima da mesa por um deles, e que eles estavam calmos. A minha pergunta: quem garante que só havia um revólver ou que eles não podiam transformar qualquer objeto numa arma branca?

- Será que o caso Eloá já não foi uma excelente prova que aceitar negociar com bandido colocando em risco outras pessoas pode não ser uma boa ideia?

- A sorte - da polícia, da família e da repórter - é que tudo terminou bem. Se o fim não tivesse sido esse, de quem seria a culpa. Da polícia?

4 comentários:

Luís Fernando 29 de novembro de 2010 às 22:07  

Então, concordo que a estratégia da Polícia foi uma cagada só. Mas a repórter concordou em participar da pataquada, né? Então, sei lá se é certo ficar demonizando tanto só a polícia nesse caso. Se a repórter dissesse "não", pronto, o assunto estava encerrado e eles teriam que arrumar outro jeito de acabar com o assalto. Pra mim, tá todo mundo errado aí.

Maria Fernanda Ribeiro 30 de novembro de 2010 às 10:25  

Eu teria dito não, certamente. Como já disse, não ganho para negociar com bandido. Concordo que a culpa também foi da repórter, mas a polícia não deveria nem ter cogitado a hipótese de atender o pedido dos bandidos. Foi um show de erros. Isso é fato.

Bibiana Sant´Ana 30 de novembro de 2010 às 14:37  

Só essa que está nos faltando mesmo. Um abuso só!

Rudy 2 de dezembro de 2010 às 11:53  

E fora tantos outros que já passaram por isso! Mas é o povo correndo atrás do sucesso. Imagine o currículo dela agora:

Experiências:
- Editora Chefe
- Repórter Tv Record
- Escudo de tiro da Polícia

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