A dor dos 30!

Há uns 15 dias recebi de uma amiga querida um questionário sobre as agruras dos 30 anos. Ela queria saber como as amigas dela estavam se sentindo. Não sei se tal tensão pré-três-décadas é real ou se de tanto falar no assunto todos são obrigados a sentir certa amargura dias, semanas e até meses antes da data fatal. Confesso que meus pensamentos se afundaram nesse tema uns seis meses antes do meu aniversário de 30 anos: 25 de dezembro de 2010. E os principais questionamentos sempre foram os profissionais e possíveis vontades e desejos ainda não contemplados, como passar um tempo em New York para falar inglês como ninguém.

Dúvidas sobre relacionamentos passaram longe dos meus pensamentos. Com isso, não perco tempo. Deve ser porque acho bem mais simples de resolver, caso apareça algum problema. Profissão, não. Ou vai ou racha. Uma vez que saiu da casa dos pais, a volta pode ser dolorida. Pedir dinheiro, nem pensar. Ainda é preciso pensar no apartamento que você deve ou quer comprar, no carro que quer trocar, na viagem que deseja fazer, no pano de sofá que necessita ser reformado para combinar mais com a sua sala. Tem também que, aos 30, é necessário ao menos começar a pensar se você quer ou não ser mãe. Se quiser, meu bem, é bom começar a agilizar e confesso que eu ainda não estou preparada para pensar nisso. Semana passada, ao renovar minha Unimed veio a pergunta: "Com ou sem obstetrícia, senhora?" Carajo, man! "Com!", respondi.

Compartilho aqui com vocês, as respostas do questionário enviado pela minha amiga, que pelo o que percebi ainda não se convenceu que, se quiser, pode fingir que tem 29 anos por mais um bom tempo. E daí?

- fazer 30 anos, ou quase, de alguma forma pertuba ou pertubou você? Explique

R: Comecei a ficar perturbada em julho, exatamente seis meses antes de fazer 30. Na verdade, o que eu mais pensava era na minha vida profissional e que a partir daquele momento precisava decidir o que realmente queria pra mim. E o pior disso tudo: eu não sabia o que queria pra mim.

- quantas vezes por semana você chora?
R. Nenhuma, por isso. Só penso muito sobre o assunto. Choro por outras coisas, mas sempre fui chorona, desde criança. Meu pai, às vezes, até se recusava a conversar comigo, pois dizia que eu só sabia fazer chorar

- qual o motivo que mais faz você chorar?

R. filmes, saudade e irritação, como brigar com o cara da Net no telefone e descobrir que ele não vai resolver meu problema. Sempre choro com essas pessoas ao telefone.

- qual diferença física você percebe que há entre hoje e há cinco anos?

R. Todas, principalmente na feição. Ainda aos 29 me olhava no espelho e sentia que algo diferente tinha acontecido. Nada de rugas, não é isso. Algo diferente estava acontecendo e eu conseguia perceber ao me reparar. Cheguei a comentar isso com um amigo e toda vez que ele me encontrava, perguntava: "Já fez as pazes com o espelho?"

- Hoje, qual seu maior medo?

R. Frustração


- Para onde você gostaria de ir neste momento?

R. Se tivesse coragem de largar tudo, iria morar um ano em New York para melhorar o meu inglês. Se tivesse dinheiro, também iria me dedicar mais aos estudos. Como hoje trabalho, e gosto de trabalhar, fica complicado conseguir fazer um mestrado, por exemplo, pois nem sempre os jornais, revistas ou seja lá o que for, dispensam um funcionário para isso. Isso me frustra um pouco, pois realmente gostaria de ser professora, um dia.


- o que você mais deseja pra você hoje?

R. Felicidade, sempre. Saber me adaptar ao que a vida me oferecer. Paciência e perserverança. Amor. E conhecimento, muito conhecimento. Dos livros, dos discos, dos amigos, da família, da vida.

- você está satisfeita com sua vida profissional?

R. No momento, ainda não. Ser demitida dez dias antes de completar 30 anos deu um nó na minha cabeça. Mas, se não fosse isso - hoje eu penso - teria feito 30 trabalhando no mesmo lugar, sem coragem de pedir demissão, morando numa cidade que eu não gostava e sem nenhuma perspectiva de crescimento. Tive a oportunidade de mudar radicalmente aos 30. Ainda não descobri se isso é bom e o futuro as vezes me preocupa, mas pelo menos saí da minha zona de conforto e posso, enfim, decidir o que quero pra mim! E, neste momento, estou totalmente focada em novas perspectivas e traçando, de forma definitiva, o meu futuro. Isso foi um verdadeiro divisor de águas na minha vida, bem parecido como quando fiquei só com a roupa do corpo após meu carro ter sido roubado com toda a minha casa dentro. Esse fato mudou meu jeito de se vestir e de pensar sobre as coisas materiais. O segundo divisor, a demissão, me fez enxergar os fatos com outros olhos e, pasme, estou muito mais feliz. Como disse Paula, uma amiga, a mudança dói e às vezes sufoca, mas só quem já passou por uma sabe a alegria que é.

Agora deixo um espaço para vocês ficarem a vontade para escreverem algo relacionado à crise dos 30. O que está bom e o que está ruim.

Está ruim que eu queria estar mais magra, mas descubro que isso está cada vez mais difícil

É ruim chegar na Unimed e descobrir que ela ficou mais cara porque você fez 30 e a tendência agora é ficar mais cara a cada cinco anos

É ruim saber que aos 30 você deve começar a pensar que se quiser ser mãe, é bom começar a agilizar. E eu, sinceramente, não queria ter que pensar nisso

É ruim saber que você chegou nos 30 e ainda tem tantos sonhos e vontades e que, talvez, eles não se realizem

É bom chegar aos 30 e ter tantos amigos por perto

É bom ter 30 e ser madrinha de duas crianças lindas e tia de mais duas.

É bom ter 30 e poder trombar com uma pessoa de 23 e dizer: eu tenho sete anos a mais que você. Sou mais experiente

É bom ter 30 e já ter morado em cinco cidades diferentes e ter trabalhado em outros cinco

É bom ter 30 e ter meus pais vivos e um irmão que mora no Rio de Janeiro para eu poder passear à vontade

É ruim ter 30 e ter de começar a usar creme antirrugas e sua dermatologista te dizer que é bom começar a pensar em botox

É ruim ter 30 e não saber quando vou conhecer a Índia

É ruim ter 30 e descobrir que suas dores no joelho vão piorar a partir de agora por causa da idade

Foi bom ter 30 e ter parado de fumar. Disseram que até os 30 o pulmão volta ao normal

É bom ter 30 e morar em Campinas, cidade que amo

É bom ter 30 e ter recebido a oportunidade de mudar radicalmente o seu jeito de vida, da noite para o dia.

É ruim ter 30 e não saber o que vai ser e onde vai estar aos 40!

5 comentários:

Anônimo 2 de fevereiro de 2011 às 22:53  

Olá!
Cheguei a seu blog através do blog do Guido, que está no meu orkut, e adorei o post! Obrigada!
Abraço,
Lu Dias.

Unknown 3 de fevereiro de 2011 às 17:38  

OI querida, respondi o questionário como você e, para mim,foi até um momento de avaliação, já que passei dos 30 há dois anos.
É bom descobrir que o problema não é envelhecer mas sim parar no tempo, não evoluir, não se mexer. Tento todos os dias não estagnar
beijos Sa

Michelle 3 de fevereiro de 2011 às 21:50  

Obrigada pelo post! Me identifiquei muito! Abs

Michele Madi 4 de fevereiro de 2011 às 19:04  

Mary! adorei o post... sabe que quando eu fiz 30 várias coisas passaram na minha cabeça. Mas confesso que nunca gostei tanto da minha vida como gosto hj. Em tudo, meu corpo, minha maneira de lidar com os problemas pessoais e profissionais, tudo tudo... E isso é experiencia, né? E por mais que a gente queira apenas com um pouco mais de idade para se ter! Agora uma coisa engraçada: logo que virei os 30 tive várias passagens de pessoas me chamando de TIA. E isso me irritava de um taaaanto! rsrrs E essa a pior: Entrei na facu de biologia no inicio do ano passado, e logo na primeira semana de aula cheguei atrasada. Quando cheguei na sala, todo mundo para fora da sala, pois a professora nao havia chego ainda. Bem, fui entrando na sala, a maioria entrou atrás de mim e foi se sentando olhando para minha cara. Logo uma menina solta: "a senhora é a professora?" No comments! Bom... Isso aos 30 é prá acabá! rsrsrs
Mas adorei meus 30, estou adorando meus 31 e tenho certeza que será uma década maravilhosa!

Bibiana Sant´Ana 12 de fevereiro de 2011 às 11:52  

Fer, qd fiz 40, uma amiga me disse assim: "Depois dos 40 só não nasce rabo, mas é bom dar uma conferida todos os dias"... Quer saber: é verdade.
Feliz 30 anos! (kkkk)

Quem sou eu

Minha foto
Jornalista. Ardida. Gosta de livros, música, Mafalda, São Jorge, sorvete, corrida e bicicleta. Canta sozinha na rua e conta helicópteros no céu.

Nosso Cortiço

Um blog para compartilhar aquilo que nem sempre há pessoas para compartilhar.

Outros cortiços

Quem perde tempo comigo