Os sentidos de Don Corleone

Hoje (05/04/2011), depois de eu entrevistar umas dez pessoas para uma matéria sobre comportamento infantil, escrever um texto para o UOL e enviar uns quinze emails em busca de fontes para uma reportagem sobre tecnologias no esporte, Tatiana Fávaro me chama no messenger e pergunta se "estou ocupada ou coçando." Como estava nem uma coisa e nem outra, respondi "meio a meio." Veio então o pedido: preciso de um artigo sobre cinema para o Guia Vamos Lá, de Jundiaí. Minhas primeiras perguntas foram "Quantos toques?" "Qual o deadline?" AGORA é o deadline. Ok, respondi e comecei a escrever imediatamente. Sei bem o que é ter um espaço em branco numa publicação.

Foi isso o que saiu nos próximos 15 minutos após a nossa conversa, via messenger

Os sentidos de Don Corleone


Escrever sobre cinema pode parecer fácil para alguns, mas para mim é um tema dolorido. Dói porque cinema para mim é Francis Ford Coppola, é Marlon Brando, é Al Pacino.  Um pouco radical, sei bem. Assisto de dois a três filmes por semana, em casa ou no cinema. Assisto de quase tudo, menos comédias românticas. Desculpem, mas isso não é para mim. Podem me chamar de mal-humorada, mal-amada, ou o que for, mas sempre acho que estou perdendo tempo quando vejo na tela Jennifer Aniston em mais um papel igual.
Mas, não estou aqui hoje, nesta coluna, para escrever sobre a chatice que considero as comédias românticas.
Estou aqui para que saibam que por mais que assista de tudo, nunca nada para mim se compara a primeira vez que vi Marlon Brando no papel de Don Corleone, com aquele queixo para frente e aquela postura de impávido colosso capaz de fazer tremer qualquer mafioso ao seu redor, em O Poderoso Chefão.

Don Corleone já era o meu personagem preferido antes mesmo do filme. Ao terminar de ler a última página de O Poderoso Chefão, o livro, de Mario Puzo, tive a nítida sensação que nunca ia encontrar nada igual pelo meu caminho. Nunca encontrei. Findado o livro, fui direto comprar a trilogia do Coppola. Tinha certeza que ia querer ter o Don Corleone na minha casa, guardado a sete chaves. Assisti tudo de uma vez a boa adaptação do livro de Puzo. E outras vezes mais e mais e mais. Sem cessar.  Madrugadas afora.

Coppola não era a primeira opção para dirigir o filme. Antes dele tinha Sergio Leone e Costa-Gravas na disputa. Coppola também não estava muito animado com o roteiro, pois tinha medo de glorificar a atuação da máfia e manchar a honra de seus antepassados sicilianos.  Brando tinha sido proibido pela Paramount de ser escalado, pois havia causado alguns transtornos no passado. Coppola, como se soubesse o que viria por aí, conseguiu convencer os executivos.  E Brando venceu o Oscar de melhor ator.

O Poderoso Chefão é o clássico primordial, fundamental e necessário, goste você ou não de cinema, de filmes de máfia ou do Don Corleone. Nada parecido foi criado depois. Nenhum outro filme de máfia foi capaz de reproduzir tamanha sensação de estupor na mente dos meros mortais. É por isso que dói. Dói porque estou sempre à espera de algo que me faça perder os sentidos como só Don Corleone consegue. 

5 comentários:

mario 5 de abril de 2011 às 22:22  

Fê, absolutamente sensacional!!!!! O Poderoso Chefão é uma obra prima. Me junto a você naquela legião dos que "não-cansam-de-ver-o-poderoso-chefão", até mesmo por minha ascendência mediterrânea. Marlon Brando é o Don Corleone imaginado por Puzzo. Aliás, quem veio primeiro mesmo? Branco ou Corleone??? Beijos

Luiza Pellicani 6 de abril de 2011 às 11:52  

Fer, sou sua fã!
Adoro um filme e assisto de tudo, até as comédias românticas que não acrescentam em nada.
Concordo com você! O Don Corleone é demais! Não tenho o filme em casa, mas sempre que passa nos telecines da vida, já que a Globo prefere passar qualquer bockbuster da vida com muitas explosões no melhor nível Stalone nos Mercenários, estou lá assistindo, com meu irmão...rsrs

Boa Sorte para vc e para o Mário!
Abraços
Luiza Pellicani

Zezé Gil 6 de abril de 2011 às 19:14  

Belo comentário sobre cinema,Fernanda, meio visceral mesmo, como cabe aos adoradores da trilogia. Um dia, na redação do Correio, diante do frisson que Matrix estava causando na moçada, eu disse que 15 minutos de Godfather valiam a trilogia inteira daquele treco computadorizado. Fui vaiado pacas, mas ninguém me convenceria do contrário. Tenho a caixa com os três. E quando passa na tv a cabo é dia que vou dormir mais tarde.

Anônimo 6 de abril de 2011 às 19:17  

Fernanda, one está escrito Zezé Gil no comentário anterior, leia Edmilson Siqueira. Zezé é minha mulher. Sei lá porque saiu a conta dela e não a minha. Taí mais um motivo pra não gostar de Matrix...

Abs.
Ed.

Maria Fernanda Ribeiro 18 de abril de 2011 às 22:36  

Edmilson, se eu estivesse na redação neste dia, teria abraçado te defendido até o fim!

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