50 anos de Kind of Blue

Quando Jimmy Cobb chegou ao estúdio da Columbia Records para a primeira das duas sessões de gravação com Miles Davis, nem lhe passou pela cabeça a ideia de que estava a ponto de fazer história.


"Sempre gostei de gravar discos com Miles", comentou Cobb, que chegou ao estúdio antes dos outros músicos para montar sua bateria. "Nem me haviam dito que tipo de música gravaríamos", acrescentou. Cobb terminou gravando com um sexteto de grandes luminares do jazz um álbum que o lendário Quincy Jones (entre muitos outros) considera "uma das melhores gravações da história". Desde seu lançamento, em agosto de 1959, Kind of Blue tem sido um dos discos de jazz mais influentes e populares. Apenas nos Estados Unidos, vendeu quatro milhões de cópias.

Mas, em 1959, Cobb —único sobrevivente de um grupo que incluía os saxofonistas John Coltrane e Julian “Cannonball” Adderley, os pianistas Bill Evans e Wynton Kelly e o baixista Paul Chambers —pensou que se tratava de "mais uma sessão de gravação com Miles, como tantas outras". "Reinava um ambiente relaxado e os rapazes estavam todos à vontade", recorda Cobb, aos 80 anos, durante uma entrevista num restaurante de Manhattan. "Acho que isso era pelo talento, a música, o estúdio... Não sei qual é a fórmula para produzir momentos mágicos, mas foi isso o que aconteceu naqueles dois dias."

Para Quincy Jones, que em seus primeiros dias como trompetista, na década de 1950, foi muito influenciado pelo amigo Miles, Kind of Blue é o ápice de uma era dourada do jazz que começara no fim dos anos 40, com a revolução do bebop encabeçada por Charlie Parker e Dizzy Gillespie. O disco antecipou os novos sons que surgiriam nos anos 60. "É um disco que soa como se houvesse sido gravado ontem", impressiona-se.

Kind of Blue segue tendo um impacto enorme, que transcendeu o jazz e fascinou tanto roqueiros como os Allman Brothers e Carlos Santana como os compositores minimalistas Steve Reich e Philip Glass. "O gênio de Miles foi que pode manter uma qualidade criativa enorme e ao mesmo tempo fazer um trabalho de grande aceitação popular", assinala o pianista Chick Corea. (Leia texto completo na Gazeta de Ribeirão: http://www.gazetaderibeirao.com.br/)

1 comentários:

A. Pepe 18 de outubro de 2009 às 19:48  

Descobri seu blog, finalmente.
Li alguns posts enquanto ouvia Coltrane.
Boa semana.

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Jornalista. Ardida. Gosta de livros, música, Mafalda, São Jorge, sorvete, corrida e bicicleta. Canta sozinha na rua e conta helicópteros no céu.

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